Pensatta
http://www.tvsdorj.com/2010/07/pensatta.html
A TV digital é uma inovação, evolução ou revolução? Se você pensou em Inovação, foi enganado. Apesar de ser comercializada desta maneira, a tecnologia nada mais é do que um representante de convergência de mídias. Agora, se ficou em dúvida entre Evolução e Revolução, aí o papo começa a ficar bom. Para conseguir alcançar uma resposta, há um caminho longo a seguir. Façamos, então, um passeio pela história do mais famoso meio de comunicação do século XX: A televisão.
Ela nasceu desengonçada na década de 1920, chegou ao Brasil trinta anos depois e ganhou vários acessórios com o tempo: videotape, computação gráfica, controle remoto... Opa, controle remoto? Esse demorou para chegar aqui! Uma curiosidade: A TV Globo era radicalmente contra a adesão do revolucionário brinquedo dos sonhos de vários gordinhos e preguiçosos, como já foi, um dia, este que vos escreve. Mas, como assim? Explico: A Toda Poderosa tinha medo de perder audiência até dos mais tradicionais telespectadores – os velhinhos e os gordinhos. Baseando-se na tradição, as pessoas ligavam a TV e, quando soava o Plim Plim, todo cheio de si, elas não mais mudavam. Como não havia controle remoto, seria um sacrifício muito grande levantar, trocar de estação e voltar para a poltrona... Mas o consolo para os sedentários poderia mudar a realidade: o preguiçoso continuaria sentado, mas teria todos os canais esperando por um único clique. Totalmente genial.
A evolução tecnológica nos meios de produção e pós-produção também aguardou na alfândega: A edição, que já era realidade no exterior, demorou bastante para chegar à TV tupiniquim, tão amadorística e excêntrica. Mas, se o processo tecnológico caminhou a passos curtos no Brasil, nossa visão política sobre o meio andava a galopadas. No páreo, muitos querendo expor idéias e o governo limitando o número de concessões. Isso parece familiar, não? Pois é. Com a TV Digital, talvez não haja diferença. As grandes emissoras não estão muito interessadas em mais de uma programação no mesmo canal e priorizam a transmissão em HD, mesmo que esta seja ínfima. Além disso, o próprio Governo estuda a limitação de concessões e proíbe a multiprogramação, menina dos olhos do sistema. Ou seja, 60 anos depois, o modelo de controle está mais atual do que nunca.
Sejamos eruditos agora: “Ao criticar a TV como meio de comunicação de massa, a tecnologia é mesclada ao conteúdo transmitido, como se fosse uma coisa só”. Como assim, Bial? rs Bom, o que eu digo é que a gente critica, mas não entende que TV é uma coisa e programação, outra. O Governo deu robustez e qualidade de imagem, som, interatividade... Mas, e o conteúdo? A gente deve cobrar só dele? Não, os donos da mídia também merecem ouvir. Dica: O Ibope é um ótimo microfone...
A programação transmitida aos telespectadores é uma das mais importantes fontes de informação e entretenimento de uma população exilada de novas tecnologias. Historicamente, a TV brasileira tem desenvolvido esse papel – mas, em sua visão excêntrica da realidade: clientelista aos prós e perseguidora aos contra. Os telejornais representam, para a maior parte da população, a única fonte de contato com o mundo exterior. Geram tratamentos parciais às informações transmitidas e guiam as massas para o que é mais interessante – vide campanha televisiva sobre o Referendo do desarmamento enquanto o Mensalão era colocado em segundo plano pela mídia. Será que a TV Digital conseguirá oferecer um modelo de jornalismo mais amplo que o atualmente apresentado? Dificilmente, pois os grandes conglomerados continuarão dominando a TV brasileira.
Fala-se muito em Interatividade, mas os aparelhos anteriores a 2010 não estão aptos a aderir à nova tecnologia. E aí, eu te pergunto: Quem paga a conta? Além do tradicional atraso tupiniquim (esperamos pelo Ginga desde 2007), mais um prejuízo foi colocado na conta da população que fez parte da implementação do sistema, os earlyadopters.
Outras facilidades foram prometidas, como o T-Governo (além do T-Comércio). Mas, aí há um problema: Se nem as grandes redes de TV estão conseguindo atualizar suas informações atualmente na TV Digital, será que o Governo conseguirá acompanhar a nova onda? Conseguindo ou não, o contribuinte sentirá a diferença – no bolso, já que mais uma entidade deverá ser criada para gerir o negócio.
Uma última pergunta fica no ar: Será que o sistema escolhido é, realmente, o melhor? Ou ele atende aos interesses dos grandes conglomerados midiáticos? Lembremo-nos do caso do formato do videocassete brasileiro: Sua vinda foi escolhida pela grande mídia, que o elegeu mesmo sendo, o VHS, um sistema de qualidade inferior e bem mais caro.
A realidade da TV digital depende do esforço conjunto de mídia e Governo. Sua implantação poderá, sim, ser um grande passo para a diminuição da exclusão social. Todavia, deve haver cuidado para que isto não se torne, apenas, mais uma ferramenta política. Assim como a TV em cores, a TV Digital poderá, também, ser apenas mais um complemento sem grandes mudanças sociais. E, aí, ela deixa de ser Revolução e passa a ser, simplesmente, Evolução – em busca de maior controle e, conseqüentemente, retorno financeiro.
Ela nasceu desengonçada na década de 1920, chegou ao Brasil trinta anos depois e ganhou vários acessórios com o tempo: videotape, computação gráfica, controle remoto... Opa, controle remoto? Esse demorou para chegar aqui! Uma curiosidade: A TV Globo era radicalmente contra a adesão do revolucionário brinquedo dos sonhos de vários gordinhos e preguiçosos, como já foi, um dia, este que vos escreve. Mas, como assim? Explico: A Toda Poderosa tinha medo de perder audiência até dos mais tradicionais telespectadores – os velhinhos e os gordinhos. Baseando-se na tradição, as pessoas ligavam a TV e, quando soava o Plim Plim, todo cheio de si, elas não mais mudavam. Como não havia controle remoto, seria um sacrifício muito grande levantar, trocar de estação e voltar para a poltrona... Mas o consolo para os sedentários poderia mudar a realidade: o preguiçoso continuaria sentado, mas teria todos os canais esperando por um único clique. Totalmente genial.
A evolução tecnológica nos meios de produção e pós-produção também aguardou na alfândega: A edição, que já era realidade no exterior, demorou bastante para chegar à TV tupiniquim, tão amadorística e excêntrica. Mas, se o processo tecnológico caminhou a passos curtos no Brasil, nossa visão política sobre o meio andava a galopadas. No páreo, muitos querendo expor idéias e o governo limitando o número de concessões. Isso parece familiar, não? Pois é. Com a TV Digital, talvez não haja diferença. As grandes emissoras não estão muito interessadas em mais de uma programação no mesmo canal e priorizam a transmissão em HD, mesmo que esta seja ínfima. Além disso, o próprio Governo estuda a limitação de concessões e proíbe a multiprogramação, menina dos olhos do sistema. Ou seja, 60 anos depois, o modelo de controle está mais atual do que nunca.
Sejamos eruditos agora: “Ao criticar a TV como meio de comunicação de massa, a tecnologia é mesclada ao conteúdo transmitido, como se fosse uma coisa só”. Como assim, Bial? rs Bom, o que eu digo é que a gente critica, mas não entende que TV é uma coisa e programação, outra. O Governo deu robustez e qualidade de imagem, som, interatividade... Mas, e o conteúdo? A gente deve cobrar só dele? Não, os donos da mídia também merecem ouvir. Dica: O Ibope é um ótimo microfone...
A programação transmitida aos telespectadores é uma das mais importantes fontes de informação e entretenimento de uma população exilada de novas tecnologias. Historicamente, a TV brasileira tem desenvolvido esse papel – mas, em sua visão excêntrica da realidade: clientelista aos prós e perseguidora aos contra. Os telejornais representam, para a maior parte da população, a única fonte de contato com o mundo exterior. Geram tratamentos parciais às informações transmitidas e guiam as massas para o que é mais interessante – vide campanha televisiva sobre o Referendo do desarmamento enquanto o Mensalão era colocado em segundo plano pela mídia. Será que a TV Digital conseguirá oferecer um modelo de jornalismo mais amplo que o atualmente apresentado? Dificilmente, pois os grandes conglomerados continuarão dominando a TV brasileira.
Fala-se muito em Interatividade, mas os aparelhos anteriores a 2010 não estão aptos a aderir à nova tecnologia. E aí, eu te pergunto: Quem paga a conta? Além do tradicional atraso tupiniquim (esperamos pelo Ginga desde 2007), mais um prejuízo foi colocado na conta da população que fez parte da implementação do sistema, os earlyadopters.
Outras facilidades foram prometidas, como o T-Governo (além do T-Comércio). Mas, aí há um problema: Se nem as grandes redes de TV estão conseguindo atualizar suas informações atualmente na TV Digital, será que o Governo conseguirá acompanhar a nova onda? Conseguindo ou não, o contribuinte sentirá a diferença – no bolso, já que mais uma entidade deverá ser criada para gerir o negócio.
Uma última pergunta fica no ar: Será que o sistema escolhido é, realmente, o melhor? Ou ele atende aos interesses dos grandes conglomerados midiáticos? Lembremo-nos do caso do formato do videocassete brasileiro: Sua vinda foi escolhida pela grande mídia, que o elegeu mesmo sendo, o VHS, um sistema de qualidade inferior e bem mais caro.
A realidade da TV digital depende do esforço conjunto de mídia e Governo. Sua implantação poderá, sim, ser um grande passo para a diminuição da exclusão social. Todavia, deve haver cuidado para que isto não se torne, apenas, mais uma ferramenta política. Assim como a TV em cores, a TV Digital poderá, também, ser apenas mais um complemento sem grandes mudanças sociais. E, aí, ela deixa de ser Revolução e passa a ser, simplesmente, Evolução – em busca de maior controle e, conseqüentemente, retorno financeiro.